26 de junho de 2008

HONESTIDADE

As palavras são anões; os exemplos são gigantes.
(Provérbio suíço)


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Liquidação em loja teen, de griffe. Sabe aquela loja que as adolescentes adooooram e onde reviram olhos, araras e bolsos sonhando o 'supremo' look? Quando a tal entra em liquidação, aí não tem jeito, ou você enlouquece ou enlouquece com o melô da miragem, das promessas de "filhas", com o hit da hora, o mantra enfadonho, a caça ao amém sob pressão:
- Mãaaae, por favor, por favor, vai...
- Ô tia, dá uma força, convence a minha mãe, vaaamos...

Shopping, fim de semana, e lotado. A fila pra loja parece fila de sem-outra-opção, aguardando senha, em centro comunitário. A garotada se prolifera, brota do piso, cai de paraquédas.. e praticamente de uniforme: plataforma, jeans, camisetinhas justas, jaquetas na cintura, piercings, tatuagens e chapinhas no cabelo, "tá ligado?"

Você e a mãe da "sobrinha" nem precisam adivinhar que isso vai durar uma vida. As filhas ficam na fila e vocês vão bater perna. Uma hora depois, a fila andou uma prancha de surf só. Vocês resolvem ir ao cinema. Duas horas depois, as garotas estão "quase" lá. Então vocês resolvem tomar um café na praça de alimentação, em frente, como outros coagidos pais, tamborilando dedinhos em outras mesas. E blablabla até que as suas etzinhas em série adentram a "nave-paraíso". Outro café, outro, outro, enquanto elas escolhem, fuçam, "pescam" e enfrentam novas filas no provador. E vocês ali, sentadinhas, inventando assunto, dissecando aquele ator maravilhoso, aquela atriz talentosa, aquela história e a vida no exercício de observá-las de camarote, através da vitrina, no cansativo zanzar de vendedoras borralheiras. Sim, porque as coitadas, a esta altura, estão como farinha de sucrilhos, no fundo do saquinho. Mais um pouco eteeerno e eis a compensação: o sorriso cinderela das meninas, ensacoladamente cúmplices, futilmente realizadas, espirituosamente felizes. E blablabla ao seu redor, agora suspirativamente endividado, como se vocês também fizessem parte do núcleo de Malhação. Coooooorta!!

- Mãaae, tiaaaa... vamos passar ali (lá e sabe mais Deus onde), porque... - e vão saindo, como se tivessem motorzinhos na bunda; emprestando a vocês aquela cara de cabide velho devidamente aproveitado pelas sacolas que despencam nos seus colos e na minúscula mesinha. Mas, vocês saem, atrás...
- Êi mocinhas, meia volta volver.
- Pô, mãe... tiaaa.. é rapidinho... - já a uns vinte écos de gargalhadas, na escada rolante.

Sabe aquele dia? Muita gente, cansaço, bunda quadrada, papo lento, saldo contadinho no Banco, unha encravada, aquela bota que você viu e resistiu, aquele ex-qualquer coisa que viu você e não resistiu (olá, como vai/eu vou indo e você tudo bem/quanto tempo/pois é, quanto tempo...), alguém que esbarra, lembrança boba, marido ligando, "sobrinha" que vai dormir em casa porque elas fizeram planos pra balada, carona pra mãe dela, buscar outras roupas e idéias ... Pois é!

Horas depois, dentro do carro, quase na saída do estacionamento, sua filha diz:
- Mãe, o que vai ter de janta?
- Meu Deus, o café! - lembro.
- Café? A janta vai ser caafééé? - ela muxoxeia.
- Geeente, nós não pagamos o café! - digo
- Ah, deixa prá lá... - dizem.
- Neeem pensar! - respondo, procurando outra vaga.
- Mãããnhêee!!
- Fiiiihii...lha!

Volto, vôo, procuro a garçonete que nos atendeu, peço a comanda, desculpas e pago.
- Noooossa, eu nem notei... Que raro isso, de alguém voltar... Obrigada. - diz.

Vôo, volto, entro no carro, e escuto:
- Bah tia, que mico! Ela nem lembrava...
- Pois é, parceira, podíamos pagar outro dia.
- É mãe, que exagero!
- Nem eu nem minha consciência conseguiríamos dormir com isso, capisce?! E aí, o que vocês querem jantar?

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Lembrei disso agora, ouvindo minha filha ao telefone, num outro país, indignada ao comparar o "politicamente correto" daqui e de lá..

A griffe da honestidade não é mico e nem nunca sai de moda, graças à Deus.

19 de junho de 2008

"OS ANOS E A COERÊNCIA"

"A minha preocupação não está em ser coerente com as minhas afirmações anteriores sobre determinado problema,
mas em ser coerente com a verdade."
(Mahatma Gandhi)


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Fazer aniversário, ficar mais experiente, somar os anos, comemorar com a família, com os amigos, ser lembrada, festejada, ganhar presentes, belas flores, receber ligações, torpedos, comer guloseimas e de quebra um vinhozinho, afinal merecemos, etc, faz da data um dia especial, que nos deixa mais felizes, mais sensíveis, querendo amar muito e ser amado cada dia mais porque nos inspira em busca de novas conquistas, recompõe nosso ânimo, opera mudanças.. Mas especial mesmo e acima de tudo é a reflexão inevitável do que fazer com tudo isso, com os anos, com a experiência já adquirida, com os amores, com o conviver e como transformar esta soma em benefícios à nossa vida e à todos ao nosso redor nesta busca constante pelo aprendizado e pela evolução como ser humano.

O ser humano está no planeta Terra para evoluir em todos os sentidos. A humanidade alcançou um nível razoável de evolução nas áreas da ciência, medicina, tecnologia, educação, telefonia, robótica etc. mas tem ainda um longo caminho a percorrer em relação a evolução essencial do seu SER. Esta vida agitada e turbulenta que imprimimos ao nosso cotidiano, muitas vezes não nos permite acordar pela manhã com calma, respirar, sentir os raios do astro rei aquecendo o despertar de nossos corações como em um grande abraço, sentindo a vida mesmo. Isso é algo que me reservo o direito de fazer pelo menos uma vez ao final dos 365 dias de cada ciclo completado porque olhar para o universo e consultar intimamente nosso analista maior, lá do alto e tão aqui, me permite perguntar-lhe: Quem sou eu? O que fiz de minha existência até agora? O caminho escolhido e traçado foi o melhor? Estou feliz como e com o que sou? Sei que a resposta é minha mas com sua bênção porque não é nada fácil questionar-se e ouví-LO ao mesmo tempo. Para tornar o questionamento produtivo é fundamental que tenhamos a mente e o coração abertos, que tenhamos discernimento para entender que acertamos e erramos, que é preciso ter vontade em dar continuidade às nossas ações, prosseguir possível e em paz, inclusive, mudando de rota se for preciso.

Ouvimos sempre que, para que as ações em nossas vidas tenham valor, precisamos e devemos ser sempre coerentes. Mas o que é ser coerente? É possível sermos coerentes no mundo em que vivemos, onde presenciamos reinar a multiplicidade e mudanças a todo tempo? Teoricamente ser coerente é seguir conceitos formados e formulados à respeito de coisas e pessoas, colocando-se de forma imutável, mas em um mundo em constante mutação não é possível pensarmos em algo permanente, mesmo que seja no campo da teoria, pois a velocidade com que conceitos são revistos, o princípio da COERÊNCIA admite a possibilidade de INCOERÊNCIAS desde que inseridas no processo de sua superação. Se analisarmos e aceitarmos o ser humano como alguém em permanente aprendizagem, falar em coerência é algo complicado... Sempre me lembro de um amigo que afirma o seguinte: “Seja incoerente dentro de sua mais ampla coerência e desde que você não prejudique ninguém, mude de opinião de vez em quando, e caia em contradição sem envergonhar-se disso - você tem este direito, não importa o que os outros pensem - porque eles vão pensar de qualquer maneira”.

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Em meio aos muitos questionamentos, surge-nos sempre a frase: VIVER É MUITO MAIS QUE EXISTIR” e para viver é preciso não guardar-se dentro do armário, não ter vergonha de assumir o que se é, de adaptar-se ao modelo de sociedade e à sua época, seus costumes, suas contradições. Aceitar isso não significa que não tenhamos parâmetros em nossas vidas. Pense comigo. Você não precisa ser coerente, você não precisa explicar o inexplicável, você não precisa argumentar.. O que você precisa é selar seus lábios durante um tempo para não cair na tentação de explicar-se, e fazer, simplesmente fazer. Ou seja, faça e depois fale; e viva, viva com intensidade. Este sim tem sido um conceito básico em meus questionamentos. No seu também?

O pai da psicanálise (Sigmund Freud) em uma de suas obras “A consistência do ser...”, coloca-nos claro que: “Dizem que quem modifica de tempos em tempos as suas idéias não merece qualquer confiança, porque faz supor que as suas últimas afirmações são tão errôneas como as anteriores. Mas, por outro lado, quem mantém as suas primeiras idéias e não as abandona facilmente, passa por teimoso e iludido. Perante estes dois juízos opostos da crítica, há só uma opção a fazer: permanecer-se aquilo que se é, e seguir-se apenas o próprio juízo.”

Permanecer-se aquilo que se é torna-se o nosso grande desafio: viver a vida é não excluir-se diante dos conflitos entre as normas e o impulso porque não existe vida sem conflitos, porque ninguém pode ser só formiga nem só cigarra.. A flexibilidade impera para trabalharmos nossas diferenças, os conceitos de coerência e até de ética que se ajustam de acordo com cada época.

Com isso em mente e em minhas sessões de auto-análise (sempre com horário marcado para a hora da chegada daqueles primeiros raios de sol do meu dia 16 de junho, no início de cada ciclo), eu tenho claro que pouco importa o julgamento dos outros porque os seres são tão contraditórios que é impossível atender às suas demandas e satisfazê-los plenamente. Então, procuro simplesmente ser autêntica e verdadeira comigo mesmo em primeiro lugar. A minha coerência me faz ver e entender que meu real compromisso é com a VERDADE, com minhas tentativas de felicidade como sou, aceitando minhas qualidades e tentando corrigir meus defeitos, não querendo viver uma simbiose e nem projetando-me através do outro. Afinal, triste de quem vive para ser o que o outro é e se esquece de valorizar-se a si próprio em primeiro lugar...

Minha coerência pode não ser o modelo teoricamente divulgado e propagado, mas ela me permite revoltar-me diante das injustiças, das diferenças, das incompreensões, da falsidade.. Ela não me permite ler qualquer frase, seja com qual teor for, e simplesmente por achá-la bonita, encaminhá-la a alguém sem antes aplicá-la a mim mesmo. Ela não me permite sentir inveja e querer o que o outro tem pois me diz que eu sou suficientemente capaz de buscar minhas próprias realizações, me pautando de veracidade, segurança, sinceridade, companheirismo, fidelidade aos meus sentimentos e ao do outro, com respeito. Minha coerência me diz que vale mais 'o ser e muito menos o ter', me diz que o maior bem é aquilo que aprendi, que ainda vou aprender com a vida, com os livros, com cada dia.. pois esta “fortuna” é a única que nunca me será tirada.

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É claro e óbvio que nos caminhos por nós percorridos, encontramos diferentes personalidades.. Algumas nos servem de exemplos e nos estimulam; outras, são verdadeiras decepções como ser humano. Ambas me servem de exemplo.. Uma para que eu veja o lado positivo a alcançar; e outra, para lembrar-me o que não devo ser (a eterna dualidade da vida - Yin e Yang). Mas, se EU sou EU, seguirei sempre sendo porque errar faz parte e só erra quem faz, quem revê conceitos, aceita os erros, procura praticar a humildade, reconhece que ninguém é soberano nem invencível em nada nesta vida e que o caminho percorrido por todos nos leva a... um só destino.

Muito se tem a falar sobre a coerência, muito se tem a falar da vida.. Meu ciclo está só inicando mas como escrevê-lo? Não importa. A única certeza é que viverei com tudo que me for permitido viver e quem sabe, daqui a 363 dias, no próximo dia 16 de junho, eu ainda não esteja por aqui escrevendo sobre novas indagações e novos questionamentos? Não importa aonde desde que comprometida COERENTEMENTE COM A VERDADE pois esta sim é imutável... sempre!

17 de junho de 2008

Parabéns, amiga!

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Quando se tem muito a dizer sobre uma pessoa, melhor demonstrar, ainda mais em datas que, querendo ou não, elas se encontram com elas mesmo. Brinda aí, amiga, com todas essas garotas que fostes, que és, que serás... e com teu amado. Eu, daqui, só fico rindo, feliz demais por ti. Êh caminho bonito...

Deus te abênçõe chegar porque de passos, vôos e pousos entendes bem. Um grande abraço nesse raro e imenso coração, viu? E obrigada por compartilhá-lo com tanta alegria e carinho. Beijooooooooooo.

12 de junho de 2008

"Dia dos Namorados"

" O AMOR NÃO FAZ O MUNDO GIRAR...
O AMOR FAZ O GIRO VALER A PENA!"
(F.P.Jones)


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Que você flutue pelo céu da boca...
do seu amor!
(Leila)


O namoro é dinâmico como a própria vida das pessoas... Não existe época, não existe idade, não existe tempo, o que existe de verdade é o amor ou a paixão que chega de mansinho e toma conta, que faz a pessoa mergulhar fundo porque não existe distância para dois corações enamorados. Nos dias atuais, dizem que tudo é diferente, embora acredito que a essência seja a mesma, os conceitos e a maneira de agir mudam de geração para geração, porém o sentimento é imutável.

O namoro é uma relação amorosa recíproca, momento de cortejar, de desejar um ao outro, de interesse mútuo de olhar com encantamento, de ver a beleza nos lábios, nos olhos, na maneira de andar e no falar. É o momento da paixão e das ilusões: tudo se volta para o outro. Com a evolução tecnológica na era da informática o uso do computador tornou-se um instrumento facilitador na relação dos apaixonados, hoje a distância é contornável, se será para sempre não importa... o que importa é a intensidade como cada um somatiza a força do sentimento.

É no encontro com o outro que a pessoa se realiza; aí está a beleza do namoro vivido. Ele leva você a abrir-se ao outro; o namoro é esse tempo bonito de inter-comunicação entre duas almas. Mas toda revelação implica num comprometimento de ambos e num engajamento de vidas. "Tu te tornas eternamente responsável por aquele que cativas", disse o Pequeno Príncipe. Você se torna responsável por aquele que se revela a você do mais íntimo do seu ser.

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É perceber que o outro chegou com o tempo, nos descaminhos que fazem unir os corpos, como se as almas se encontrassem. É sentir-se completo, pleno, cheio de forças e de sonhos. É poder sentir o toque, o cheiro, o gosto, o ser... É sentir o ofegar da respiração quando encontra com a outra, é saber que tem um abraço, que sustenta e ampara. É ouvir a própria voz trêmula, com medo da vida que trouxestes até você . É ver que o tempo passou mais devagar, porém mais pleno ...

Comemora-se esta data - "O Dia dos Namorados", apenas uma vez ao ano, por questões que viraram comércio, que visam o lucro ... ou não, porém o certo é que durante os 365 de cada ciclo, é dia de quem ama e de quem é amado e acima de tudo, de quem respeita o outro com a importância da intensidade de cada momento vivido.


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"FAÇA UM AMOR BONITO"
(Arthur da Távola)

Talvez seja tão simples, tolo e natural que você nunca tenha parado para pensar: aprenda a fazer bonito o seu amor! Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito. Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito. Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender. Tenho visto muito amor. Amores mesmo, bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, doação e dádiva. Mas que esbarram na dificuldade de se tornar bonitos. Apenas isso: bonitos, belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e atenção. Amores levados com arte e ternura de mãos jardineiras.

Amores verdadeiros, eternos, de repente e percebem ameaçados apenas e tão-somente porque não sabem ser bonitos: cobram; exigem; rotinizam; descuidam; reclamam; deixam de compreender; necessitam mais do que oferecem; precisam mais do que atendem; enchem-se de razões. Sim, de razões. Ter razão é o maior perigo no amor. Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, de exigir justiça, eqüidade, equiparação, sem atinar que quem está sem razão talvez esteja vivendo um momento no qual não possa ter razão. Nem queira. Ter razão é um perigo: em geral enfeia um amor, pois é invocado com justiça, mas quase sempre na hora errada. Amar bonito é saber a hora de ter razão. E é saber ter razão.

Você tem certeza de que está fazendo o seu amor bonito? De que está tirando do gesto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, da alegria do encontro, da dor do desencontro a maior beleza possível? Talvez não. Cheio ou cheia de razões, você espera do amor apenas o que é exigido por suas partes necessitadas, quando, talvez, ele devesse pouco esperar, para valorizar devidamente tudo de bom que ele pode trazer. Quem espera demasias sofre, e, sofrendo, deixa de amar bonito. Sofrendo, deixa de ser alegre, igual, irmão, criança. Sem soltar a criança, nenhum amor é bonito.

Não tema o romantismo. Derrube as cercas da opinião alheia. Faça coroas de margaridas e enfeite a cabeça de quem você ama. Saia cantando e olhe alegre. Recomenda-se: encabulamento; ser pego em flagrante gostando; não se cansar de olhar, e olhar, não atrapalhar a convivência com teorizações; adiar sempre, se possível, com beijos, “aquela conversa importante que precisamos ter”; arquivar as reclamações pela pouca atenção recebida. Para quem ama, toda atenção é sempre pouca. Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda a atenção possível. Quem ama bonito não gasta o tempo dessa atenção cobrando de quem deixou de manifestá-la.

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Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós, pobres escritores, que vemos a vida como a criança de nariz encostado na vitrina de brinquedos), não teorize sobre o amor; ame. Siga o destino dos sentimentos aqui e agora. Não tenha medo, principalmente de tudo que você teme: a sinceridade; não dar certo; depois vir a sofrer (sofrerá de qualquer jeito); abrir o coração; contar a verdade do tamanho do amor que sente.

Jogue pro alto todas as jogadas, estratagemas, golpes, espertezas, atitudes sabidamente eficazes (não é sábio ser sabido); seja apenas você, no auge de sua emoção e carência, exatamente aquele você que a vida impede de ser. Seja você cantando desafinado, mas todas as manhãs. Falando besteira, mas criando sempre. Gaguejando flores. Sentindo o coração bater como quando esperava Papai Noel e temia vê-lo. Revivendo os carinhos que intuiu em criança. Sem medo de dizer eu quero, eu gosto, eu estou com vontade.

Talvez aí você consiga fazer o seu amor bonito, ou bonitar fazendo o seu amor, ou amar fazendo bonito (a ordem das frases não altera o produto). O seu amor precisa ser tudo o que você é, e, nunca: deixaram, conseguiu, soube, pôde ou foi possível. Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. Não se preocupe, pois, com ele e suas definições. Cuide agora da forma. Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do cuidado. Cuide do carinho. Cuide de você. Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do próprio amor e só assim tentar fazer o seu amor feliz.

8 de junho de 2008

BBB e o "envolvimento"...

Viver é quase um jogo
Um mergulho no infinito
Se souber brincar com fogo
Não há nada mais bonito

(Paulo Ricardo)

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“PODE ESPIAR À VONTADE".. quando ouço o apresentador Pedro Bial dizer isto em uma das chamadas da Rede Globo de Televisão, não tenho dúvidas que, entre tantos brasileiros, sou mais uma a ficar “ligada” nas edições do Big Brother Brasil: uma novela da vida real em formato de reality show... Afinal ser curioso já está no sangue dos seres humanos - principalmente quando o assunto é a vida alheia - e este é um dos fatores que levam o programa a fazer tamanho sucesso, há oito anos consecutivos. Nos meses de janeiro à abril, desde 2002, nos são apresentados personagens como: estudantes, profissionais liberais, modelos, artista plástico, dançarino de axé, socialite, jovens com visual estilizados, representantes da raça branca e negra, homens e mulheres, belos e de corpos sarados, os denominados “pobrinhos” e "riquinhos", enfim... um enredo completo com faixa etária predominante entre 18 à 35 anos, com raras exceções, em busca de fama e dinheiro.

É justo ir em busca de fama e dinheiro se está coerente com a aspiração e à necessidade de cada um, num reality? Sim, e neste “jogo” onde a vida imita a arte ou vice versa, apesar da aura de realidade, os "personagens" selecionados (por seus perfis) "se sujeitam" através de um contrato a interpretarem papéis mais ou menos pré-definidos pela produção durante às edições, ou seja, eles já não são apenas eles próprios porque também interpretam a si mesmos, o que é bem diferente. Vide o mocinho, a donzela, a carente, o malvado, o ignorante, a sensual, o arrogante, a mal-educada, o inteligente, a doente, o pegador e outras tantas caracterizações sustentando conflitos enquanto geram identificações por parte do público e vão carregando assim as edições da trama.

O certo é que o brasileiro gosta mesmo é de ver em suas “novelas” um bom conflito amoroso e o encontro entre casais. Este modelo de reality show permite que a imaginação do público acompanhe durante o tempo de confinamento o envolvimento entre os participantes, criando a chamada “exposição de privacidade”. Em outras palavras, o romance bem ou mal resolvido, o sofrer por gostar ou não, o clima de harmonia ou não.. é uma das fórmulas geradoras do sucesso e que provocam torcidas constantes do público. Bem como a traição, que - não só quem comete mas quem é traído - encontrará identificação entre os telespectadores. Em uma pesquisa recente, aqui no Brasil, avaliou-se que 60% dos homens e 40% das mulheres são infiéis.

Porém, o certo é que dentro da casa e participando do jogo, sob os olhares e julgamento das pessoas que convivem ou "espiam" o desenrolar do programa, os 'brothers' se vêem, algumas vezes, vivendo de acordo com parâmetros morais diferentes daqueles que adotam na vida real.. E, por razões que alavancam a audiência ou que os permite através da exposição sobressaírem-se em relação ao grupo, aparecem para o público, no “jogo”, criando essas expectativas através do envolvimento - o que não significa que os relacionamentos estabelecidos lá dentro sejam necessariamente falsos, ainda que namorar seja uma estratégia para se dar bem - porque muitos acabam se gostando mesmo, de verdade. No jogo, tanto produção quanto participantes contam com a possibilidade de tudo ser natural e facilitado pelo fato de simplesmente se gostarem, e é bem interessante observar num breve olhar e sorriso e que pode tornar-se intenso à medida em que a permanência no confinamento for se prolongando, independente de relacionamentos pré existentes, pois assumir ou não já é uma outra questão. Aliás, a
ssumir este gostar "ao simples cruzar de olhares", como já aconteceu durante as diferentes edições do programa, nos traz lembranças à mente e um doce questionamento:

“AMOR À PRIMEIRA VISTA”, mas isto existe? É real?

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Pesquisadores da Universidade de Ohio (EUA) afirmam que amor à primeira vista pode não ser uma exclusividade de românticos irrecuperáveis, onde segundo eles, os encontros-relâmpago existem sim e podem ser verdadeiros. (Alguns, da montagem, que o digam!) Aliás, o estudo mostra que neste caso, as pessoas não querem perder tempo e a decisão sobre a relação ocorre rapidamente. Quando se fala em sentimentos fica difícil estabelecer regras e certezas, embora reconhecendo que “PAIXÃO E AMOR” são diferentes. O que caracteriza a paixão é a intensidade, o imediatismo e a proximidade. Ela prescinde o amor, pois é um sentimento de encantamento e de êxtase que nos deixa enfeitiçados, vulgo “tomados” mesmo. Enquanto o amor vem após a paixão... como se a paixão fosse o clímax da agonia da Fênix e o amor a sensação de renovação ao renascer das cinzas.

O fato de surgirem romances durante o tempo de confinamento já é algo esperado pela grande maioria dos que assistem ao programa ou acompanham as edições. Após acontecer o primeiro olhar ou beijo, perceberem ou não a “sintonia” entre os participantes, surgem diferentes teorias em relação ao sentimento revelado, como: “são almas gêmeas, é amor de outras vidas, nasceram um para outro” ou "não tem nada a ver, é só carência, sacanagem"... E as torcidas por vê-los juntos ou não se inflamam e muitas vezes extrapolam, se projetam na relação existente entre os participantes e perdem o limite do respeito pelo direito de escolha de cada um.

Segundo pesquisas realizadas sobre, a paixão tem uma duração que varia de 18 a 30 meses após início de uma relação. Para a psicóloga “Isabel Menéndez”, quando se está apaixonado a pessoa identifica no outro o ideal de amor onde entram em jogo as reações bioquímicas. "Dizer-se" apaixonado é o que acontece com alguns dos participantes em todas as edições do programa mas devemos considerar as condições psíquicas em que ocorreu a sensação desse sentimento. Hoje já é aceito por profissionais da área da psicanálise o que chamamos de “síndrome do confinamento” pois a participação em um Big Brother, requer e mobiliza demais as próprias emoções. A sensação de pressão ali dentro precipita o estresse e podem ocorrer reações físicas, emocionais e comportamentais também em qualquer um dos participantes, ou seja, o sentir-se "APAIXONADO” é algo provocado muitas vezes pela própria situação. Ou não. Há que considerar-se também que cada caso é um caso e cada um é um...

A característica dada ao Big Brother é negada o tempo todo pelos integrantes do mesmo que, na pressão, sofrem por sentimentos ambivalentes, esquecem que estão participando de um jogo, que o investimento é a exposição da sua privacidade e acreditam que todo envolvimento será facilmente levado para vida 'fora da casa' onde a realidade que os espera é totalmente diferente da que tinham 'antes da casa'. Levar paixão repentina para fora requer antes de tudo maturidade, profundas mudanças internas, aceitação das carências, permitir e reconhecer o espaço de cada um, limitar o próprio Ego e saber dividir.
Mas a dificuldade principal para os casais que se envolvem, contudo, ainda é passar dos primeiros meses de fama, período em que o personagem representado na casa desmorona longe das câmeras dando espaço às exigências da vida real de ambos. Na hora em que se começa a conviver com o par "como ele é” a relação tem início de verdade e é a partir daí que se estabelece algum parâmetro para avaliar a longevidade dela. Em contrapartida, como afirma o psicanalista italiano“ Contardo Calligaris", - em seu último livro “O conto do Amor” -, "duração não serve como índice de qualidade em uma relação, seja esta de dois meses, seis anos, vinte anos porque o que importa na vida, o que a faz valer à pena e dar-lhe sentido é a qualidade do que se vive”.

É fácil tudo isso? Certamente que não. O tempo que cada casal viveu/vive a “paixão”, a ilusão ou o “acordo” (cada um denomina como preferir) variou e vai variar sempre de casal para casal pois não existem regras pré-estabelecidas para duração de um sentimento. As relações e sentimentos surgidos e sentidos 'dentro da casa' e que continuaram 'fora dela' podem ser chamados de amor ou paixão? Não podemos afirmar nada, pois cada um sabe o que seu "coração diz".

O certo é que como romântica que sou, assim como grande parcela da população, torço muito para que eles consigam viver suas histórias, aproveitar todo o tempo possível, seja de paixão ou de amor. Não é porque o amor é um sentimento profundo que as pessoas irão terminar seus dias juntos, mas torço para que nunca fujam ou deixem de viver o que sentem pois a felicidade como resultado da vida é a intensidade das experiências vividas, sejam elas positivas ou negativas. Tomara que eles nunca digam que não deu certo pois se tiverem que rir ou chorar por algo, que seja pelo que foi vivido e não apenas sonhado.

4 de junho de 2008

"QUEM É VOCÊ?"


“Graças a chama de uma vela, a solidão de um sonhador não é mais a solidão do vazio.”
(Bachelard)


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QUEM É VOCÊ?


Em plena primeira terça-feira do mês de maio, em um ano onde o tempo mais parece virtual pois está passando muito rápido, saí do trabalho e igualmente a uma parcela considerável da população fui para casa fazer uma das atividades já incorporada em meu dia-a-dia: navegar pela internet, ler as notícias, responder os e-mail, conversar com amigas, enfim... Ter um computador, gostar de utilizá-lo e interagir virtualmente com tantas outras pessoas, tornou-se um “vício” que em meu tempo vago procuro com sensatez (ou não?) utilizar-me dele, buscando sempre não perder de vista o cotidiano real com todas as vicissitudes de qualquer ser humano.

Estar conectado, “falando” com pessoas neste “jogo” de sensações e sentimentos permite que nossa “rede de amizades” se amplie através do orkut, MSN, Skype, e-mail e blogs com comentários, onde trocamos informações, confidências, e em oposição, na verdade, pouco sabemos ao certo com quem estamos falando. Será que a pessoa com quem me comunico, é como ela se descreve? É mesmo a loura da foto ou é morena? Será a “amiga” ou um “amigo” por detrás de um nome? Falar por um longo tempo com alguém não me garante conhecê-lo realmente.. mas o fato é que alguns fazem da virtualidade a extensão de suas vidas, já outros, “usam-na“ para serem o que gostariam.

Muitas pessoas utilizam deste mundo virtual para realizarem suas “fantasias”, dizem ser alguém a quem admiram ou idealizam, falam e expõem o que não conseguem no contato direto, agem e provocam situações que não fazem na vida real, ou então o contrário se aplica, enfim... Quando se pensa em Internet, tem-se que ter claro que nossa privacidade deve ser preservada pois fala-se de algo importante que veio como meio facilitador na era da globalização, mas também de uma dissimulação existente que é totalmente possível com o anonimato que a própria ferramenta proporciona.

As amizades virtuais são interessantes.. Conheci pessoas extremamente simpáticas, humanas e amigas através da internet, pessoas cuja cultura e vivência me trouxeram algo enriquecedor, pessoas que nunca conheceria de outra forma porque existiam poucas hipóteses de nos cruzarmos. Pessoas que não posso esquecer e que me fazem sentir vontade de conhecer outras tantas pessoalmente. Sabemos de corações que se encontraram e levaram o sentimento para além dos monitores e transformaram o virtual em real (Stevie e Pati... que Deus os abençõe), mas assim como tudo tem seu lado positivo e negativo, a internet não foge à regra... Se ganhei amigas verdadeiras, também me decepcionei, acreditando estar conhecendo pessoas que após o contato real, se mostraram outras, com atitudes totalmente opostas a que minha imaginação criou através de conversas. Por isso é importante definirmos o espaço destinado às amizades reais e às virtuais, porque existem pessoas que passam a conduzir suas vidas em função desta virtualidade e acham que o fato de terem o MSN carregado de nick/names lhes garante o antídoto para a solidão.. O fato de abrir a “caixinha mágica”, sentir uma dúzia de pessoas em linha lhe dá um imaginário sentimento de reconforto e esquecem que estão sós em casa, que a vida é aquilo que construímos de verdade com coisas reais e que o equilíbrio é a noção exata entre o real e o virtual porque fará a diferença em nossas vidas. Toda a forma de contato e conhecimento é vantajosa, desde que não se pretenda substituir os laços de solidariedade e convívio.

Estamos hoje diante de um paradoxo social contemporâneo onde convivemos o dia-a-dia com tanta gente e ao mesmo tempo sentimo-nos solitários. Muitas são as situações geradoras da solidão. O isolamento social obrigatório é muito diferente do viver sozinho “por opção”. No primeiro, existe a imposição da situação ou das circunstâncias; no segundo, viver solitariamente é uma escolha consciente e deliberada onde a Internet com seus meios facilitadores têm sido um instrumento de comunicação e interação importante mas ao mesmo tempo ambíguo, pois tanto pode facilitar a busca de companhia virtual como pode ser usado também para sustentar o isolamento social que a cada dia vemos mais nas pessoas ao buscarem as chamadas companhias de forma ilusória... ou não.

O aumento dos diversos tipos de solidão no Brasil e no mundo, por inúmeras razões, põe em dúvida a antiga tese do homem como um ser eminentemente social. As novas gerações é que irão com certeza redefinir se o humano é ou não um ser social. O fato é que ao participarmos deste mundo virtual temos que ter claro que mais do que nunca a “qualidade” deverá sempre prevalecer em relação a “quantidade”, como parâmetro em nossas vidas. Valorizar aquilo que temos, que podemos confiar, será sempre o caminho para toda e qualquer situação e devemos buscar na prática cotidiana a resposta para a seguinte questão ética: qual o melhor jeito de bem viver a vida? Acompanhado e aprendendo com as dificuldades, ou simplesmente sozinho? (SILVANA)


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PARCEIRA... Hoje com certeza o meu post está brilhando, pois conta com seu "pitaco", que alegria....


É tão bom viajarmos juntos
E viver aproveitando tudo
Amanhã vai ser melhor que hoje
Novos sonhos ao amanhecer... (
I.S.
)


Você que está aí se rasgando, explodindo... quem é você além da tela, quem sou eu, quem somos nós? Decerto que você tem problemas como eu, como todo mundo, mas e daí? Também temos a energia que nos move, restaura, relaxa e reinventa porque ainda uma vontade imensa, na maioria, de ser feliz, de amar, de dizer do amor, de fazer parte.. E sobretudo quando nos pegamos pensando sobre, sentindo fundo, pedindo a Deus que tenha piedade dessa latência em nossas almas é que através de alguma luz sobrevivente em nossos escuros nos permitimos reverter os absurdos desse mundo... e prosseguimos.

Não é apesar de, mas graças à, que maturamos ter chegado até aqui. Isso faz toda a diferença, quer tenhamos nossas alegrias e tristezas, tantos "sims e nãos" determinantes, nossos obsediantes "talvez", vários "ses" nos cutucando diariamente, embolando.. O que nos sobra é esse respirar preservados, de novo, de novo e de novo... porque certos ou errados (prefiro morrer certa que matar errada) o inevitável é reconhecer, e agradecidamente, que estamos vivos ainda, que estamos buscando a coincidente honestidade de usufruir do quão realmente felizes podemos ser. Então...

Stevie e Pati, entrei de gaiata neste post sobre "virtualidade" para testemunhar a da realidade de vocês, dessa história de amor, com amor, pelo amor, e só. De que mais se precisa? Que mais dizer? Enquanto o mundo insistir no dna da pedra que vai lançar em nossas cabeças n'alguma próxima esquina, vocês se constroem com o ingrediente de mais valia e poder do mundo que é 'um e o outro, com e para o outro'. Existe benção maior? Bah, que vontade de entrar por essa tela agora, abraçá-los e homogeneizar nossos corações.. O resto? Que resto? Percebam.. Se éco houver é um de amém, velho conhecido de quem amou, ama, foi amado.. Tá explicado? Sim, porque vocês alcançam-nos... nítida e abusadamente.

Tudo o mais é rasgar-se, explodir-se e além de si. Virtual, real, quem pode saber e garantir? Felizes os que são, de fato, o que são. E se o forem com outros também? Maravilha! Faltam-me palavras mas sobra Deus. Aliás, um internauta e tanto, não? rsrs (LEILA)

 
©2007 '' Por Elke di Barros