4 de agosto de 2008

BRASIL - BRASIS

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"Sei que a alma deste povo (brasileiro), bem como de toda a América Latina, conserva valores radicalmente cristãos que jamais serão cancelados"
(Papa Bento XVI)


O Maior Problema do Mundo é o Egoísmo e a falta de Solidariedade? Esta pergunta foi formulada e respondida afirmativamente em uma entrevista ao conhecido jornalista Ricardo Kotscho, durante o lançamento de seu livro - "Do Golpe ao Planalto", que acabo de ler. Ele fala de seus 40 anos de trabalho, mostra-se um tanto desiludido e afirma ter refletido muito sobre o Brasil, o mundo e sobretudo, a profissão de jornalista, para a qual tem críticas extremamente valiosas e construtivas. Fala de sua luta por um mundo mais humano, em paz e menos egoísta. Numa síntese rápida de seu pensamento, ele diz que há um distanciamento entre o Brasil noticiado e o Brasil real, onde temos Brasília demais (deslumbramento pelo poder) e Brasil de menos.

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Coincidência ou não, minha leitura veio concluir-se antagonicamente em um final de semana onde a maior emissora de TV aberta no Brasil – Rede Globo de Televisão, pautou sua grade de programação em cima do “Projeto Criança Esperança” que a vinte e três anos, em conjunto com a UNESCO, já arrecadou mais de 191 milhões de reais em doações feitas pela população, integralmente investidos no Brasil em mais de 5 mil projetos sociais.

Diante de informações e questionamentos, que vieram de encontro a pergunta formulada no livro, me “bateu” a vontade de escrever sobre o Brasil, mas em uma direção oposta a leitura concluída e de forma resumida, fazer uso do “coração” procurando expor um sentimento de orgulho por ter nascido e estar vivendo neste solo, podendo dizer que sou brasileira e não desisto nunca enquanto enalteço um pouco os “vários Brasis” existentes dentro destes 8.511.865 Km² de área. Não pretendo com isso, negar quaisquer problemas existentes, nem tão pouco evidenciar somente o lado bom, mas devemos considerar que o Brasil não é um país pobre.. pobreza se encontra na África. O Brasil é um país injusto e desigual, o que é muito diferente. A desigualdade brasileira é estrutural e ela não será mudada enquanto o brasileiro não se incomodar realmente com a situação. O problema talvez esteja na passividade com que se aceita a desigualdade, e é necessário um esforço subjetivo, do imaginário popular, da cultura, para criarmos essa idéia de que a desigualdade Social é inaceitável. A desigualdade está para nós como a Geni, do Chico Buarque: “De dia os ricos falam mal dela, ofendem, cospem, etc., de noite dormem com ela.”



(Para Todos / Chico Buarque)

Na verdade, eu quero mesmo é escrever um pouco deste “País tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”, como diz Jorge Bem Jor. Deste Brasil, com enorme extensão, dividido em 5 regiões, com 26 Estados, 1 Distrito Federal e 5.560 Municípios. De um Brasil que apresenta traços físicos, humanos, econômicos e sociais comuns e ao mesmo tempo tão diferentes; que chove no Norte, faz frio no Sul, calor no Sudeste, seca no Nordeste e umidade zero no Centro-Oeste. Deste Brasil livre que comprovadamente tem milhares de religiões diferentes, incluindo todas as crenças que se encontram espalhadas pelos recantos remotos do país, sendo que a grande maioria é de católicos (praticantes ou não). De um Brasil que viaja ao ritmo da música erudita, clássica, jazz, batuque, samba, sertaneja, forró, funk, bossa nova, hip hop, MPB e o pagode. Que torna ídolo e líder em vendagem Amado Batista, Zezé de Camargo e Luciano, Padre Marcelo, entre outros, mas enaltecendo ao mesmo tempo estilos como Chico Buarque, Caetano, Gonzaguinha, Ivete Sangalo e curte Jack Johnson.

O Brasil que se alimenta com o churrasco e arroz carreteiro, mas que adora o pão de queijo e o tutu à mineira, que não rejeita o arroz com feijão e a pizza paulistana, que adora a feijoada carioca, se delicia com o “quente” vatapá e acarajé bahiano, as buchadas de bode e as macaxeiras do nordeste. O Brasil do bom vinho, da caipirinha e da cerveja. É país pra todo gosto e tradução regional: bah tchê, bueno, oxente, uai, trem doido sô, meu, mano, beleza, mermão, tá ligado, bão mesmo? Tá ruim de sê, tá massa... É um país único sim, imenso, cheio de culturas, sotaques, hábitos, estados de espírito e olhares sob “mundos” diferentes.

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É o Brasil que tem o vaqueiro, o caipira, o operário, o industrial, o intelectual e o doutor, o bad boy, o roqueiro, o jogador de futebol, o surfista e o namoradinho, que tem as louras e morenas mais belas. Este é o país do futebol, que em plena noite de sábado em uma das metrópoles brasileiras, onde as diversões e o lazer dividem seus moradores; alguns assistem a peça de teatro “Ensina-me a Viver", estrelada pela maravilhosa Gloria Menezes que em sua entrevista demonstra humildade, afirmando: “Acho que ainda tenho muito para fazer. Agradeço muito o carinho de todos, e só posso dizer que o caminho é estudar , estudar e estudar muito...”; enquanto alguns outros, paralelamente, na quadra de uma Escola de Samba, prestigiam intituladas de “As Boas, As Saborosas”, Viviane Araújo e Mulher Melão, entre outras e outros que com todo respeito, brilham na exposição de seus atributos melhorados pela medicina estética, que as (os) tornam “celebridades”. É lazer para todo gosto... E o que dizer dessa maravilhosa diversidade de cenário?

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Quero ressaltar ainda a beleza natural, o verde, o mar, mas fundamentalmente a beleza humana, aquela beleza que ninguém vê, ninguém repara... até quem não conhece, que não convive. A beleza de um povo hospitaleiro, guerreiro, que luta a cada nascer do sol, que recebeu de braços abertos irmãos de todo o planeta, que fez da miscigenação marca registrada de uma raça, desse povo que cai e se levanta, que sabe estender a mão, desse povo amigo, ah.. desse raro povo que como diria Ari Barroso se estivesse entre nós: “Isto aqui ô ô é um pouquinho de Brasil, ia ia, desse Brasil que canta e é feliz. É também um pouco de uma raça que não tem medo de fumaça, ai ai e não se entrega, não” .

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Aqui também tem maldade sim senhor, aqui tem quem se aproveita da ingenuidade alheia, tem a inveja, tem o que gosta de viver a custa do outro, aqui se cultiva o desamor também, como em todo lugar aqui também existe a eterna dualidade da vida - Yin e Yang, porque aqui não é o que chamam de “paraíso”, até porque o “paraíso” é algo pessoal e subjetivo, mas o certo é que aqui é um país de um povo “coração bão”, amigo e trabalhador e a única certeza que me cala fundo é que neste Brasil, verde, amarelo, azul e branco, o único sentimento que não podemos mais nutrir e que devemos lutar contra é a INTOLERÂNCIA, pois em um país que trás em seu coração as cores do mundo, e tamanha diversidade interna, não cabe a discriminação e o preconceito e sim o respeito a toda diferença, seja de raça, religião, de crença, de cor, de opinião, de preferência.

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A vida é o sopro do Criador que percorre toda a Criação, incessantemente, animando a tudo e a todos igualmente e como tal o respeito e a solidariedade são fundamentais. Isto só se consegue exercitando, mas... será que se refletirmos, ainda iremos ver o outro como diferente? Ou realmente como parte deste todo?

 
©2007 '' Por Elke di Barros