19 de maio de 2008

DECEPÇÃO

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DECEPÇÃO


"Quem não sofre, não vive;
quem não vive, morre na vida e morre na morte."
Antero de Figueiredo


Quem já não se decepcionou quando algo não saiu como esperava, com a atitude de algum amigo, com algum familiar, enfim... todos nós já experimentamos este sentimento às vezes dolorido, às vezes revoltante, que faz parte da caminhada de cada ser humano. A decepção é um sentimento tão frustante, talvez seja das sensações que mais me entristece, me deita abaixo, me impede de pensar, me bloqueia. É um sentimento que exige que eu pare, respire, busque a calma, para sair da inércia e voltar a agir.

Quando passamos por esta situação que nos aperta o peito e nos deixa desiludidos, é natural que de imediato nos questionemos – como pude enganar-me tanto?, ou então, como nunca percebi isto em determinada coisa ou pessoa? Mas na verdade e na maioria das vezes o nosso engano não foi em relação à outra pessoa, foi em relação à nós mesmos. Você que está lendo deve estar se perguntando - como assim, o outro(a), ou o acontecimento me decepcionou e eu que estou errada(o)? É exatamente assim que entendo, pois normalmente, confiamos demais nas pessoas, baseados no tempo de relacionamento e depositamos nelas expectativas além do que podem nos oferecer, ou então, abrimos nosso “coração”, deixamos que a pessoa entre, ocupe um espaço razoavelmente vantajoso e não questionamos se ela também nos deu o mesmo espaço ou se nos vê com o mesmo "olhar" e se vai corresponder exatamente como agimos em relação a ela.

A diferença que existe quando falamos em sentimentos, ética e comportamento entre os seres humanos se acentua em proporção substancialmente maior do que a diferença estética. A maneira como cada um “trabalha” seus próprios sentimentos e o valor que atribuem a cada um deles, como orgulho, prepotência, vaidade, noção de certo e errado, humildade para aceitar o erro, a forma como depositam suas expectativas quanto as atitudes do outro, é que vai determinar suas ações, sejam elas em relação às suas amizades, aos seus familiares ou aos acontecimentos.

Normalmente agimos assim pela nossa essência, pela nossa carência, pela maneira que nos apegamos as coisas ou as pessoas, por uma razão ou outra, enfim... criamos expectativas exacerbadas e nos esquecemos que o outro tem suas próprias atitudes, sua visão de vida e age de acordo com o que PENSA correto para SI.

Claro que muitas vezes confiamos demais e nos sentimos uns verdadeiros(as) “bobões”, porque ao perceber que nos "abrimos", o outro se “aproveita” da situação. Torna-se por demais doloroso quando constatamos que fomos “usados”, porém não devemos nos torturar mais do que a própria decepção. Existe uma célebre frase para ilustrar este difícil acordar para o fato: “ANTES TARDE DO QUE NUNCA”. São acontecimentos ou relacionamentos em todos os níveis, como este, que nos leva a refletir sobre nossas ações e buscar o crescimento pessoal. Vale ainda afirmar que toda regra tem sua exceção, porém na grande maioria das vezes o culpado(a) pelas decepções sofridas ao longo de nossas vidas somos nós mesmos, por criarmos expectativas em relação ao outro que eles dificilmente poderão nos retribuir, pois nosso nível de relacionamento, de confiança, de gostar, de querer é desigual.

Isto não ocorre somente em relação as pessoas, mas as coisas que queremos (sejam elas materiais ou sentimentais) e que muitas vezes se mostra impossível diante de nossos olhos e contrariados buscamos razões para os nossos sofrimentos. Além de todos os outros sentimentos já citados, acrescentaria também a nossa “teimosia” que impulsiona o orgulho e não nos permite desistir ou aceitar quando algo se mostra errado ou que não está caminhando como gostaríamos e partir para um novo projeto de vida, ou para uma situação diferente.

Isso acontece quando menos esperamos e todos estamos sujeitos a este sentimento, a esta dor pela falta de recepção, então chega o momento em que é preciso pensar no modo como agimos, relembrar situações, reconsiderar alguns pontos, voltar atrás, buscar reconciliação ou simplesmente constatar que tomamos a atitude correta no momento certo. É benéfico refletir, ponderar, pedir a Deus para que nos ajude a abrir nosso campo de “visão” , seja ela emocional ou racional para evitarmos a dor, a decepção e as lágrimas em nossa jornada.

 
©2007 '' Por Elke di Barros