7 de dezembro de 2008

A Crise...


"NENHUM DE NÓS É TÃO BOM QUANTO TODOS NÓS JUNTOS"
(A.D.)

Image and video hosting by TinyPic

Aproveitando que hoje o banho matinal foi um pouco mais demorado, deixei que a água quente me fervesse algumas dúvidas. Quando isto ocorre dou asas não só a imaginação como ao pensamento que “voa” longe.. viaja por milhas e milhas. Nestas viagens, enquanto a água cai, vou fazendo várias paradas pelas estações da vida e me possibilitando questionamentos. Hoje, especificamente, acomodei minhas bagagens sobre os meandros da chamada Crise Financeira Mundial.

Crise Mundial.. Será que ela realmente existe como foi propagada? Será que não foi super dimensionada e estamos vivendo o fantasma da própria crise? Até onde ela não pode ser colocada também como uma crise da virtualidade? Dúvidas, dúvidas... Enfim, crise, como o próprio nome diz, é algo que tira tudo do lugar, muda a posição das coisas, chocalha em volta, causa apreensão, medo, suspense e insegurança. Pensando muito e eliminando dúvidas, concluí e arrisco dizer que a maior e mais concretra crise que a humanidade vive não passa pelos "cofres" das grandes Empresas Financeiras; ela é, na verdade, o que podemos chamar de
Crise Moral .

Estamos tendo o privilégio e a oportunidade de contemplar o crescimento e avanço incomensurável da tecnologia e dos meios de comunicação embora em um século marcado também pela violência e degradação do ser humano. Vivemos hoje o auge da era do indivíduo. Para onde olhamos vemos a queda dos ideais de coletividade. A instituição familiar como até as mais ideológicas linhas de pensamento coletivo perderam sua dinâmica interior.. e as instituições se percebem numa crise interna que está intimamente ligada ao novo e imperante modelo atual: o humano individualista. A individualidade é uma das mais fortes marcas do ser humano; contudo, a vida precisa acontecer na coletividade porque somos um “nó” de relações cotidianas. Vivemos em sociedade sim, necessitamos nos relacionar também, mas antagonicamente, que se vê? Cada um (e cada vez mais) colocando seus interesses acima de qualquer coisa...



video: Terra de Gigantes - Engenheiros do Havai

Qual é o resultado do modelo de sociedade vigente? Egocêntrica. Uma "cadeia alimentar" de pessoas perdidas na periferia de si mesmos, de humanos que buscam felicidade mas não conseguem administrar as exigências do convívio porque acreditam ter que buscar o prazer e evitar a dor simplesmente, sem reconhecer direito o caminho. Seria simples assim equacionar a felicidade? Basta evitar a dor? E eu pergunto: é possível evitar a dor? Evitar, não seria o mesmo que fugir da questão? Ou é necessário saber administrá-la? Questões complexas, quando o foco é entender o pensamento e as ações/reações do outro, como ser humano e principalmente como ser pensante.

Todos temos crises existenciais nas fases da vida, como a crise dos 30, dos 40, dos 50 etc, porém a crise a qual me refiro é muito mais complexa, ela não fixa apenas em uma fase da vida e sim em um momento histórico, em todos os tempos, envolvendo a humanidade de maneira geral. Estamos diante de uma crise de posicionamento, onde vemos a busca inconsciente do ser e a procura pelo entendimento do que nos cerca. Profissionais da área da psicanálise, assustados presenciam a “louca” (sem querer aqui usar de trocadilho), buscando por seus serviços e, tentando com seu trabalho proporcionar-lhes respostas que os próprios ainda não encontraram (com todo respeito). Nunca foi tão contemporânea a famosa frase de William Shakeaspeare, que encobre tantos sentidos (muitas vezes utilizadas em diferentes brincadeiras) porque poucos, muito poucos, percebem o seu profundo significado:

A QUESTÃO DO SER OU NÃO SER

Image and video hosting by TinyPic

E para Ser ou não Ser é preciso autodisciplina, autodesprendimento.. Impossível ficar neutro porque tem-se sempre que fazer uma difícil escolha: sermos a própria essência oculta em nós ou nos conformarmos à vontade dos outros, guiarmos nossas vidas pelo “eu quero” da própria alma ou pelo “tu deves” da sociedade? Sermos dirigidos pela cabeça ou pelo coração? Pelo equilíbrio mais difícil ainda? Vivemos durante anos em um padrão imposto, um paradigma criado, baseados em conceitos pré estabelecidos, onde o certo e o errado imperam como normas, mas... o que é certo? O que é errado? Certo mesmo é ser feliz e esta é a maior e incontestável verdade. O homem vive um verdadeiro turbilhão de emoções diárias pois ao mesmo tempo em que busca se posicionar também precisa a aprender a CONVIVER. E é neste cenário que o grau de complexidade evolui assustadoramente criando o que podemos chamar de.. paradoxo humano.

Ser Feliz não é viver sem problemas e sim saber administrá-los. Decepções fazem parte do percurso, porém, importante é termos força suficiente para nos erguermos sempre que necessário. Medo de crise? Das dúvidas? Que venha o touro, como diria o toureiro. O que seria da literatura, da arquitetura, da ciência e da vida se não fossem as dúvidas e as crises? Nada teria graça, mudanças nem aconteceriam e até a arte não existiria. O estado de crise, de dúvidas e de inquietações é que move o homem e o faz evoluir em busca do novo, do diferente, do ideal para cada um e para o coletivo de acordo com cada especificidade.

É necessário que não vivamos pensando no que o outro tem: "Se tivesse à inteligência de fulano ou as riquezas de beltrano, tudo seria diferente". Não seria diferente não, porque na verdade não sabemos o que vai no fundo de cada um. Temos que ser felizes por nós mesmos, ser "o gerente" das circunstâncias da nossa própria vida, quebrar as próprias fronteiras e não esperar que o mundo mude pra eu possa mudar também.

Image and video hosting by TinyPic


Kierkegaard, afirma, em um de seus livros: "Ninguém pode ver-se a si próprio num espelho, sem se conhecer previamente; caso contrário não é ver-se, mas apenas ver alguém”.

Renato Russo, em uma de suas composições, canta : Era provar pra todo o mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém” .

O que precisamos, na verdade, é provar pra nós mesmos que podemos, que somos capazes de viver, nos conhecer e acima de tudo CONVIVER neste grande desafio da era moderna.. Quem sabe respirar fundo e flutuar um pouco em meio ao turbilhão, sonhando que o céu é feito de algodão e 'cirandas' ainda são possíveis(???)

Image and video hosting by TinyPic

Bem, ducha desligada, a água parou de cair e é hora de balançar a cabeça, pisar no chão, voltar ao ponto de partida porque a viagem acabou, pelo menos por hoje.

Mas deixo aqui um convite: Que tal embarcarmos juntos(as) em próximas aventuras e darmos umas paradinhas pelas estações da vida? Deixe 'escorrer' seu sentir também..

BOA SEMANA À TODAS (OS)!!!

 
©2007 '' Por Elke di Barros