7 de setembro de 2008

Independência???

"Sonha e serás livre de espírito... luta e serás livre na vida."
(Che Guevara)

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"Viva a independência e a separação do Brasil. Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro promover a liberdade do Brasil. Independência ou Morte!"

Frase histórica de D. Pedro I, em 7 de setembro de 1822.


Você já acordou ouvindo um som que lhe trouxesse a mente a lembrança de algo? Pois é... hoje ao acordar, após ligar meu aparelho de Tv, ouvi o ritmo de fanfarras tocando, em desfiles organizados para comemorar o "DIA DA INDEPENDÊNCIA". O som e a imagem despertaram em mim um sentimento de nostalgia. Nasci e fui criada no interior, onde até hoje conserva-se viva esta tradição. Lembrei-me então de época não tão distante, em que na escola estava incorporado ao planejamento organizar comemorações alusivas à data, o verde e o amarelo predominavam, bandeirolas, enfeites pelos corredores do prédio, colocar-se em posição de respeito e cantar o Hino Nacional com orgulho toda manhã, era condição básica para o início das atividades na “Semana da Pátria”. Era um tempo em que se propagava o patriotismo e se repetia com orgulho os versos: “Sete de setembro, data tão festiva, foi a independência desta terra tão querida...”

Tempo bom, que a menor lembrança nos dá vontade de regressar, mas se foi... e com ele a visão simplista de ser livre, independente. Novos tempos, nova maneira de ver e analisar os fatos e a palavra independência se “maturando” e criando um conceito diferente, próprio de cada fase e de cada período de nossas vidas. “O Grito de Independência” foi um fato significativo, se visto simplesmente como representação de liberdade, mas se estudado profundamente, vamos constatar que o que levou nosso “herói” D. Pedro, a erguer sua espada nos proporcionando um quadro de emoção e orgulho em propagado ato de bravura, na verdade é e pode ser questionável pelas próprias pressões políticas da época... Ficamos livres, ou Portugal simplesmente não perdeu o domínio sob a colônia e o que ela lhe rendia sob comando do Príncipe Regente? Bem... mas isso é assunto para muita conversa ...

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O certo mesmo é que o Brasil, em mais de 500 anos de história, teve em sua formação o que chamamos de colonização da exploração, uma terra de lucros fartos a quem viesse dele usufruir, e desde sempre pauta sua luta na busca para ver-se livre dessas amarras, seja em 1500, seja 1822, seja 1889, seja 2008, enfim... Nossa história, a do povo brasileiro em luta constante, tem possibilitado criar vários heróis aos longo dos anos, de acordo com a época. É a história de um povo que viu sua cultura sendo trazida, formada com o cruzamento de raças, que viu o “Grito do Ipiranga”, que assistiu a celebre frase “Libertas que será Tamén”, incorporar a bandeira de um estado, do povo que viu Getúlio deixar escrito “Saio da Vida, para entrar para a história”, do povo que tanto lutou e sofreu como o “Irmão do Henfil”, mas fundamentalmente do povo que tem seu herói maior, o BRASILEIRO, de raça, de garra, que não foge à luta, que ao nascer já tem incorporado em sua identidade a busca diária, não apenas por um “TERRITÓRIO LIVRE”, mas por uma “VIDA LIVRE”, onde possa criar seus filhos com dignidade, que luta contra a violência, o preconceito, o desemprego e a desigualdade, que trabalha além das horas estabelecidas, esperando remuneração justa , lutando contra a velha exclusão, onde a falta de renda para consumir o mínimo necessário à sobrevivência é batalha constante. A esse Herói, O POVO BRASILEIRO, rendo hoje minha homenagem, no dia da INDEPENDÊNCIA.

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Um País livre e que quer o respeito de outras nações, precisa reconhecer seu valor como Pátria e respeitar os seus filhos, precisa de homens sérios e políticos comprometidos com políticas públicas eficientes e não assistencialistas, respeitar seus idosos, dar condições às suas crianças de crescerem com Saúde e Educação. Não permitir pessoas morrendo em filas de hospitais sem atendimentos ou com fome e frio jogadas pelas esquinas, enquanto uma minoria contabiliza seus dólares em paraísos fiscais. Um País livre e sério é aquele que combate a corrupção e cria mecanismos para punir os que abusam desta prática. Falar em Independência é muito mais do que simplesmente cultuar um “Herói” e valorizar uma data. Independência sim, mas acompanhada por respeito e dignidade a quem aqui produz, quem constrói sua família, cria seus filhos e a quem orgulha-se de pertencer a este chão.

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Falar em 7 de setembro, ouvir a fanfarra tocar emocionada, falar de Brasil, de sua riqueza natural, de sua gente miscigenada, desse povo hospitaleiro e companheiro, é importante e nos enche de orgulho, pois como escreveu Gonçalvez Dias: “MINHA TERRA TEM PALMEIRAS, ONDE CANTA O SABIÁ, AS AVES QUE AQUI GORJEIAM NÃO GORJEIAM COMO LÁ”, mas assistimos de verdade a uma luta ferrenha e diária desse povo que “briga” e sofre, com tantos problemas e privações. Somos na verdade um “PAÍS TROPICAL, ABENÇOADO POR DEUS”, como diz Jorge Ben Jor, com um território enorme, livre, INDEPENDENTE, mas economicamente comprometido, tanto externa como internamente, com índices elevados de analfabetismo, seja real ou funcional, de violência, de desigualdade, etc. Mas somos brasileiros, não desistimos nunca, aprendemos a viver cada dia... e hoje é domingo, dia da macarronada ou do churrasco para os que podem deles usufruir, da cervejinha com o amigo, de ensaio do samba na quadra da escola, tem futebol na TV, o Maracanã vai estar lotado, o povo estará sorrindo... amanhã? Ah, segunda-feira, começa tudo de novo, mas é outro dia, nova semana, e quem sabe algo muda? Eleição? Ainda é cedo para pensar nisso, afinal é só para o mês que vem e hoje é dia de comemorar a “INDEPENDÊNCIA”, dia de festa, Feriado Nacional.... Esse é meu povo, esse é meu país!!!

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E você aí, como está sendo o seu 7 de setembro de 2008?

 
©2007 '' Por Elke di Barros