"Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se eterniza, e nenhuma força jamais o resgata."
(Carlos Drummond de Andrade)

"Ninguém fica velho meramente por viver um número de anos. Ficamos velhos por abandonarmos nossos ideais."
(Samuel Ullman)
Falar do TEMPO é algo instigante e meus pensamentos estão voltados para esta questão, talvez porque me dei conta que exatamente metade, ou seja 50% de minha caminhada nesta existência pertence ao passado e o outro 50%, ou a outra metade, está em branco e será escrito ou desenhado pelo que chamamos de futuro, não computando aí nenhum bônus extra. Como me dei conta disso? Simples... Você sabia que segundo as últimas pesquisas realizadas pelo censo, a perspectiva média de vida de um brasileiro é de 73 anos? Pois é, isto é real e diante do fato constatado só nos resta fazer nossas contas, avaliar ou reavaliar nossos passos. Pela vida acostumei-me a ouvir e ler a célebre frase: “ O Tempo é o Senhor da razão”, mas exatamente que razão é esta que o autor da frase se reporta? Difícil de decifrar, pois em se tratando de TEMPO, tudo é possível e subjetivo demais e a razão no caso, são seus próprios atos, onde a lei de AÇÃO E REAÇÃO é fator chave em nossa jornada.
Quanto mais diferentes se sucedem os acontecimentos em nossas vidas, mais rapidamente passam os nossos dias. Por outro lado, quanto mais monótonas as nossas ocupações, tanto mais longos eles se tornam , ou seja, o TEMPO, ou o uso que se faz dele é que determina a sensação de sua duração, pois horas, minutos, segundos, não mudam, o tempo do relógio é o mesmo, mas como você o utiliza é que faz toda a diferença... e aí não importa se você já chegou a 50% ou mais de sua trajetória.
Quando em camaradagem com o tempo, olhando-o como ele é, respeitando as suas obras, com o passado, com as mudanças e com a história, vive-se bem a vida. O tempo em relação aos seres humanos é implacável externamente e freqüentemente destrutivo - como o são os escultores quando trabalham um bloco de pedra para concretizar a sua obra, mas ao mesmo tempo é uma "escola", com grandes ensinamentos e lições a serem interpretadas. Velhos rostos podem ser mais expressivos que rostos jovens, velhas paredes e esculturas mais ricas que as novas. È justamente esta ambigüidade que faz valer a pena. Perde-se em um aspecto, ganha-se em outro, tão e mais interessante.

Li uma afirmação feita pelo inesquecível Bob Dylan, no ano de 1963, que dizia poeticamente duas coisas na mesma frase sobre o tempo: “QUE OS TEMPOS ESTAVAM MUDANDO E QUE A MUDANÇA É DA NATUREZA DOS TEMPOS”. Não só os tempos estão mudando, como o momento histórico que estamos vivendo, denominado de "pós-modernidade", que pode ser entendido como uma “crise dos Tempos”, que está desencadeando uma mudança de paradigmas em todos os níveis de compreensão do ser humano. O mundo moderno, de certeza e ordem, tem sido substituído por uma cultura de incertezas e indeterminação e o TEMPO, permanece sentado, tranquilamente, como um velho sábio que repousa em sua rede, onde tudo acompanha e a tudo observa.
Ter o desafio de administrar o tempo em meio a um turbilhão de mudanças na sociedade - sejam elas de valores ou de costumes, onde fomos submetidos a um grande “porre” tecnológico, uma certeza me cala fundo: a de que não podemos passar o nosso tempo reproduzindo o discurso dos conformistas:“os tempos são cruéis”, ou dos saudosistas: “No meu tempo que era bom”, ou então dos adeptos do famoso “faça o que eu digo e não faça o que eu faço” , que se limitam a serem incoerentes e apenas e tão somente pregar a necessidade justa de um mundo mais “espiritualizado”. É importante que vivamos nosso tempo, seja ele em que porcentagem for, de acordo com as exigências que as mudanças nos impõem, fugindo do imediatismo, que nossas ações tenham sentido e significado, mas que nunca percamos a própria essência, agradecendo a cada dia a oportunidade de estarmos vivo e podermos conviver, permitindo-nos aprender a aprender... sempre.


Esta aberto o desafio para os meus supostos 50%, vou conseguir? Quem sabe? Mas uma coisa é certa, escrever sobre o assunto e poder ter o espaço para postar está sendo algo extremamente prazeroso e posso afirmar: VALEU A PENA! E você, o que fez hoje das 24 horas de seu tempo?
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